"Condicionamento Mental"



1 - Aprender é a coisa mais natural do mundo

Das milhões de informações que você tem armazenadas na memória, 99,99% foram aprendidas sem que você sequer percebesse que estava aprendendo. Aprendeu tão naturalmente que, com certeza, você nem lembra mais como aprendeu. Quer ver um exemplo disso? Tente lembrar quando e como você aprendeu o que é "azul", "como acender a luz da sala", "como abrir a torneira da pia" etc. Você não lembra porque a maioria das coisas que sabemos foram aprendidas sem que sequer percebêssemos que estávamos aprendendo. Aprendemos, porque "aprender é da natureza humana".

"As únicas pessoas que nunca fracassam são as que nunca tentam."(Ilka Chase)

2 - Você pode aprender tudo o que quiser

Para que você tenha uma idéia da sua capacidade de aprendizagem, observe como você aprendeu a fazer coisas "dificílimas" como andar e falar quando seu cérebro ainda nem estava completamene formado. Aprendeu e nunca mais esqueceu. E mais importante ainda: você aprende, diariamente, muitas coisas novas sem mesmo perceber que está aprendendo. A sua capacidade de aprendizagem é ilimitada. Tudo o que alguém aprendeu a fazer, você também é capaz de aprender. Aquela história de que "algumas pessoas são mais inteligentes do que outras" é história da carochinha. Está cientificamente provado que não há cérebros superiores ou inferiores na raça humana. Todos os cérebros são estruturalmente iguais; a diferença fica por conta do uso que se faz dele.

"Um homem pode fracassar muitas vezes, mas só é um fracassado quando começa a culpar outra pessoa."(John Burroughs)

3 - O normal é acertar sempre

Desde que uma determinada informação ou procedimento sejam aprendidos e armazenados na memória, o normal é que sejam reproduzidos fielmente quando for necessário. Um exemplo: quando você aprende que 7 x 8 = 56 , sua memória deverá dar sempre a mesma resposta - 56 - toda vez que for solicitada. Ocorre, entretanto, que nem sempre acontece assim.Há dois fatores principais que podem interferir na hora da "realização do pensamento", ou seja, na hora em que vamos executar o que aprendemos:

1 - O estresse (por medo, ansiedade, insegurança etc.)
2 - A falta de concentração (por excesso de confiança, euforia, desleixo etc.)

Para que você tenha uma idéia da importância da "concentração" na realização daquilo que aprendemos e sabemos, faça este teste bastante curioso:

Não leia as palavras abaixo, diga simplesmente as cores com que elas estão escritas:

AMARELO - VIOLETA - AZUL - LARANJA - VERDE - PRETO - AMARELO - AZULBRANCO - ROSA - CINZA - LILÁS - AZUL-MARINHO - MARROM - PRETO

Viu só como você teve dificuldade em responder corretamente? Isto ocorre porque envolvemos diversas partes do cérebro para realizar tarefas aparentemente simples. Neste problema, cada palavra escrita encerra duas informações: o que está escrito e a cor como está escrita. Por isso é preciso estar muito concentrado para não se deixar confundir.Reduzindo o estresse e aprimorando a capacidade de concentração, com certeza, conseguimos eliminar, no mínimo, 95% das possibilidades de erro.Veja, a seguir, como é possível reduzir o estresse e melhorar a concentração, condicionando a mente para a realização perfeita.

Não abandone suas ilusões! Quando elas partem, você pode até continuar existindo, porém deixou de viver.(Mark Twain)

4 - Convivendo com o estresse

O ser humano tem um dispositivo natural que, diante do perigo (real ou imaginário), faz aumentar a freqüência das ondas cerebrais para que todo o organismo fique em "estado de alerta", ou seja, pronto para "reagir". Esse "estado" é caracterizado pelo aumento dos batimentos cardíacos, respiração acelerada, tensão etc. E a isto chamamos "estresse".Assim sendo, o estresse não é um mal (como muita gente pensa); ele é só uma defesa do organismo contra diversos tipos de agressão, sejam elas físicas ou psicológicas. E repetimos: além de não ser um mal, é o estresse que mantém a pessoa pronta para reagir ou fugir destas agressões. Ele só se torna um mal, quando perdemos a capacidade de controlá-lo e começamos a reagir de forma inadequada.Hoje já se sabe que 80% das dificuldades de aprendizagem estão relacionados com o estresse. Por outro lado, sabe-se também que mais de 90% dos "erros", ou seja, da "realização imperfeita do pensamento", também têm a mesma origem.Pois é justamente a partir da compreensão do fenômeno estresse que devemos organizar nosso programa de Condicionamento Mental.

O pensamento não passa de um clarão na noite;mas esse clarão representa tudo.(Henri Poincaré)

5 - O estado ideal para a aprendizagem

A Ciência já comprovou que há um "estado mental" próprio para a aprendizagem, e que este estado - "estado de vigília relaxada" - é obtido quando o cérebro da pessoa está operando na faixa de 8 a 12 ciclos por segundo. O "estado de vigília relaxada" também é conhecido por "estado (ou nível) alfa". Em "estado de alerta", a pessoa não consegue perceber detalhes subjetivos, não consegue formular boas associações lógicas, a recuperação de informações memória é prejudicada, enfim, é um estado muito bom para enfrentar um tigre fugido do zoológico, porém, péssimo para a aprendizagem. Em contrapartida, o "estado alfa" é altamente favorável.

A insatisfação é o primeiro passo parao progresso de um homem ou de uma nação.(Oscar Wilde)

6 - Os iogues já sabiam disso

Muitos séculos antes de Cristo, os velhos iogues, na Índia, já praticavam a meditação e outras técnicas de relaxamento para atingirem o estado alfa. Eles afirmavam que seus exercícios levavam o homem à "iluminação" (o que, em outras palavras, pode ser traduzido por "compreensão"). Com a mente calma e tranqüila, a informação é retida com mais facilidade na nossa memória de curto prazo e estará pronta para se encaminhar à nossa mente subconsciente (memória de longo prazo) nas primeiras horas do sono (quando o cérebro opera no nível teta - 4 a 7 ciclos por segundo). Hoje, os cientistas não têm mais dúvida de que é justamente nessa primeira fase do sono que as informações são transferidas da memória de curto prazo para a de longo prazo. Portanto, quanto mais informações forem aprendidas no estado de vigília relaxada, mais chances de memorizá-las.

A vida seria impossível se retivéssemos tudo na memória; o importante é escolher o que devemos esquecer.(Maurice Du Gard)

7 - A importância da memória

É perfeitamente aceitável afirmar-se que memória e inteligência são, em síntese, a mesma coisa. Afinal de contas, só conseguimos pensar sobre as coisas que temos guardadas na memória. Assim sendo, a qualidade e a quantidade das informações que temos armazenadas na memória são decisivas para a "realização do pensamento", ou seja, para fazer bem feito.Se você deseja "fazer bem" alguma coisa, deve, em primeiro lugar, armazenar adequadamente todas as informações pertinentes a este processo na sua memória de longo prazo. E isso se faz utilizando-se recursos mnemotécnicos e exercitando sistematicamente o procedimento (treinamento). Quanto mais você treina a execução de um procedimento, mais esta informação se torna acessível na memória de longo prazo e é mais prontamente recuperável. É por isso que os atletas, músicos, trapezistas etc., precisam treinar exaustivamente. Os grandes arremessadores do basquete brasileiro - Oscar e Hortência - sempre treinaram mais o fundamento do arremesso do que os demais jogadores. E justamente por isso sempre acertaram mais.Por outro lado, é preciso lembrar que os procedimentos mal aprendidos e não treinados, são sempre dificílimos de serem recuperados quando precisamos deles.

Para os tímidos e vacilantes tudo é impossível, porque assim lhes parece.(Walter Scott)

8 - Só que o treino não é tudo

O treinamento de qualquer procedimento é fundamental para a realização perfeita, porém, não é único fator da equação, ou seja, treinar, simplesmente, não basta. Prova disso é que muitos estudantes e profissionais altamente qualificados e treinados erram na hora H, quando mais precisariam do desempenho perfeito.Dissemos que estas "falhas" decorrem, quase sempre, do terrível Bloqueio Mental por Tensão. Isto é incontestável. Mas, então, o que fazer para evitar este Bloqueio?Ora, o que causa este Bloqueio é a "identificação do perigo". Repare que ninguém tem Bloqueio Mental para abrir a torneira da pia, acender a luz da sala ou abotoar a camisa. Estes procedimentos, além de "treinados" insistentemente no dia a dia, não "ameaçam" a integridade física ou emocional da pessoa. Logo, sem perigo, não há Bloqueio. E, sem Bloqueio, as chances de acerto são próximas de 100%.Veja, a seguir, o que deve ser feito para evitar o bloqueio através do condicionamento da mente para a realização perfeita.

Não espere pelo Juízo Final. Ele ocorre diariamente.(Albert Camus)

9 - Sua mente é "obediente"

Todas as informações percebidas pelos sentidos são interpretadas pelo cérebro como verdades, de acordo com os padrões anteriormente registrados. Por exemplo: se você diz ao seu cérebro que um vulto indecifrável que surge durante a noite é alma-penada, ele "aceitará" esta informação como verdade e passará a identificar todos os vultos assim como almas penadas. Mesmo que elas não existam. Da mesma forma, seu cérebro entende como "verdadeiras" todas as opiniões que você tem a seu próprio respeito. Se você "repete" que é inteligente, seu cérebro "aceitará" esta informação e passará a seguir os padrões de raciocínio de uma pessoa inteligente. Se você afirma que é "feio", seu cérebro também aceitará e registrará a sua imagem como "padrão de feiúra" sempre que for requisitado.É exatamente neste princípio que se sustentam todos os programas de Condicionamento Mental. Além de deter conhecimentos específicos que o tornem "competente" para a realização de determinada tarefa, você vai precisar compor um "padrão ideal" de você mesmo e passar essa informação para o seu cérebro, insistentemente, até que ele "admita" e "armazene" esta informação no seu "arquivo de verdades".Vamos ver o exemplo de um atirador olímpico: um atleta desse nível, treina várias horas, diariamente, para registrar na sua memória profunda cada detalhe do ato de atirar e, desta forma, "recuperar a informação na memória" automaticamente, na hora da competição.Ocorre, entretanto, que na hora da competição este atleta estará sujeito a uma gama imensa de outros fatores (ambientais, climáticos, emocionais etc.) que, de certa forma, vão inteferir no seu desempenho, mesmo que ele esteja suficientemente treinado.
O que vai fazer a diferença aí, é o nível do seu condicionamento.Se ele estiver condicionado corretamente para vencer, certamente não sofrerá interferências externas e conseguirá assim "recuperar automaticamente" o procedimento aprendido e treinado, e executar com precisão. Se, entretanto, seu condicionamento "permitir" a interferência, por exemplo, da "platéia", com certeza ele sentirá dificuldade para "realizar satisfatoriamente" o seu intento.

A única coisa que devemos temer é o próprio medo.(Franklin Roosevelt)

10 - Regras gerais de Condicionamento Mental

Evidentemente, é muito difícil estabelecer um programa de condicionamento Mental único para todas as pessoas. Cada indivíduo tem um tipo psicológico diferente, nível cultural diferente, emocional diferente, história diferente. Estas diferenças inviabilizam um programa padronizado, capaz de atender interesses e perfis tão variados. Todavia, há alguns pontos comuns a todos e que servem, pelo menos a princípio, como guia para que você estabeleça o seu próprio programa de autocondicionamento.

Vejamos:

a) Estude detalhadamente todo o procedimento que você quer ou precisa executar com precisão. Adquira o maior número de informações possíveis sobre o assunto. Quanto mais informações você tiver a respeito desse procedimento, maior será sua confiança. Essa confiança "minimiza o perigo" e, conseqüentemente, reduz os riscos de Bloqueio Mental por Tensão.

b) Treine esse procedimento. Quanto mais treinar, mais facilidade terá para reproduzi-lo fielmente. Lembre-se que "o treinamento exaustivo acaba facilitando a repetição automática". Repare que você amarra o cadarço do sapato, assina seu nome, pára quando o farol fica vermelho e digita no seu computador, sem jamais parar para pensar "como isso deve ser feito". Você "reproduz" estes procedimentos naturalmente, sem o menor esforço mental.

c) Escreva num caderno, um conjunto de "verdades" que você gostaria, de fato, que fossem verdades. Por exemplo: "Eu sou preciso nos arremessos!", "Eu tenho certeza que vou acertar!", "Eu estou, a cada dia, mais veloz!", "Eu sou muito inteligente!" etc. A sua memória retém bem de 70 a 90% das coisas que você diz a seu próprio respeito. E ela não faz julgamentos subjetivos; tudo que você diz para ela, é registrado como "verdade".

d) Leia estas "verdades", em voz alta, no mínimo cinco vezes por dia. Se você dispõe de um gravador, grave estas afirmações e ouça, no mínimo três vezes ao dia, enquanto estiver se "condicionando para acertar". Veja um fato curioso: quando estamos num recinto onde um amigo ou colega cantarola insistentemente uma música, de repente nos surpreendemos cantarolando também a mesma música. Já reparou? Guarde isto: "tudo o que é insistentemente repetido, mesmo que não seja verdade, passa a ser verdade."

e) Todas as noites, antes de se deitar, recolha-se a um quarto ou outro ambiente tranqüilo e faça exercícios respiratórios para relaxar, durante cinco minutos. Depois, dê sequência ao exercício, imaginando uma cena onde você reproduz, nos mínimos detalhes, o procedimento em questão. "Veja-se" realizando o procedimento. Imagine-se "fazendo corretamente". Este "sonho" é fundamental. Se você ainda não domina bem alguma fase do procedimento (ou algum detalhe), pense nele nessa hora e deixe que sua mente subconsciente trabalhe por você durante o sono. No dia seguinte, com certeza, você deverá ter uma "boa idéia" a respeito do assunto ou uma solução definitiva para o problema. Saiba que o seu subconsciente "pensa por você" enquanto você dorme. Só a título de ilustração, cabe lembrar que Thomas Edison e mais uma centena de outros grandes cientistas usavam regularmente este "recurso". E sempre funcionou.

f) Jamais admita que "errar é humano"! "Acertar" é que é humano. É claro que o erro é uma circunstância, uma possibilidade, porém você não deve admitir isso. Sua mente precisa saber que você "só admite acertar". Condicione-se a isto.

g) Lembre-se sempre que se você aprendeu a fazer corretamente, se você treinou exaustivamente, então você é capaz de realizar com perfeição. Assim sendo, na hora de realizar não questione sua competência.

h) Tente melhorar o procedimento aprendido, a cada dia. Não admita jamais que é impossível melhorar, que você chegou ao seu limite. Sempre é possível melhorar. Pense como um recordista mundial!

i) Habitue-se a ser um vencedor. Faça tudo da melhor forma possível. E, quando achar que já está bom, procure melhorar mais ainda. Sempre há como melhorar.

j) Desenvolva sua mente expectante. Espere o melhor, sempre!

l) Acredite na SORTE! Acredite que você tem muita SORTE! Não entre em questionamentos filósoficos a respeito deste assunto e que não levam a lugar algum. Acreditar na SORTE é fundamental para quem quer vencer. Pergunte ao Silvio Santos, ao Nelson Piquet, ao Pelé. Você quer ser um vencedor também, não é mesmo?

Este pequeno programa de Condicionamento Mental encerra os princípios básicos que podem levar qualquer pessoa a uma melhoria substancial de vida. É claro que é um programa simplificado, porém suficiente para mudar um grau no destino que estava reservado para você. E este "um grau" pode fazer uma diferença enorme no final do percurso. Creia nisso. E, por fim, grave esta última frase na memória:

O destino de um homem não está no futuro e sim no passado.(Havelock-Ellis)

1 COMENTÁRIOS:


Ricardo disse...
Sou psicólogo comportamental e recomendo a adoção destas estratégias de treinamento, pois, querendo ou não, já fomos e estamos sendo condicionados mentalmente, e isso nos acompanhará até a morte. O legal é saber que podemos intervir nos submetendo a condicionamentos mais benéficos a nossa saúde mental e evitarmos os condicionamentos disfuncionais e nos trás sofrimentos em várias áreas de nossa vida!